Terça-feira, 31 de maio de 2022.
Na época em que não existiam golpes digitais, o chamado “golpe do troco” era muito praticado por criminosos. O golpista entrava em um comércio qualquer, interessava-se por um produto e se dirigia para pagar pela compra. Se o valor era de 30 reais, por exemplo, na hora de pagar, o criminoso sacava do bolso várias notas de 100 reais, mas acabava entregando ao caixa uma nota de 2 reais. Iludida de que havia recebido os 100 reais, a atendente devolvia o troco de 70 reais, ou seja, o golpista ganhava a diferença, no caso, 68 reais.
Essa versão antiga foi substituída por um novo golpe do troco. Segundo Francisco Gomes Júnior, sócio de OGF Advogados, especialista em Direito Digital e presidente da ADDP (Associação de Defesa dos Dados Pessoais e Consumidor), agora promete-se troco em dobro na compra on-line. “Ele tem um mecanismo bastante simples, para atrair o comprador on-line, um site falso faz anúncios (pop ups) dizendo que na primeira compra devolve o que você gastou em dobro para que se torne cliente. Ou seja, você gasta 100 reais e receberá 200 reais em troco ou crédito logo após a confirmação do pagamento. A vítima então faz compra, transfere os 100 reais e nunca receberá nem o produto comprado e muito menos o troco. De quebra, ainda fornecerá dados pessoais para os golpistas ao preencher o cadastro da compra”.
Ainda segundo o advogado, parece inesgotável a capacidade dos bandidos em criarem semana após semana novos golpes. “E sempre se utilizando de ferramentas digitais, como, por exemplo, site de vendas com preços atrativos e ainda com a promessa de crédito em dobro em relação ao valor gasto. Muitas pessoas acabam caindo nesses golpes, esquecendo-se que não há mágica no preço das coisas e todas as promoções muito vantajosas devem ser checadas com cuidado, pois podem esconder uma fraude.”
Segundo dados das Secretarias de Segurança Pública Estaduais, o país teve mais de 4 milhões de golpes registrados em 2021, estimando-se que o número real possa ser próximo ao dobro do informado. Apesar de dicas de segurança que constantemente são dadas por instituições públicas, bancos e comércio, a tendência de alta se mantém, portanto, todo cuidado é pouco.
“O elemento fundamental do golpe é o impulso. Ao ver uma oferta vantajosa e por tempo limitado, muito ficam tentados a rapidamente comprar, sem nenhuma checagem. E imagine o entusiasmo diante da promessa de que você vai receber em dobro o que gastou. Damos dicas todos os dias e os golpes continuam acontecendo, então acho que podemos sintetizá-las em uma única dica: contenha seu impulso (não clique em links por impulso, não compre por impulso, não forneça dados por impulso). Agindo assim seu risco diminuirá muito. Outra dica importante é que, antes de qualquer compra, é preciso fazer uma checagem sobre a reputação do vendedor, caso se trate de um site, verificar se o endereço é o correto, se há cadeado de segurança e se há relatos de outros consumidores que já compraram nesse endereço eletrônico.”, finaliza Gomes Júnior.
Fonte: Redação do Migalhas
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