Após ter caído em um rio turvo e profundo, ele se refez do susto e conseguiu manter-se na superfície com a ajuda das pessoas que lhe amavam.

Nas margens do rio podia ver apenas barrancos de mata e pedra intransponíveis, e sabia que encontrar uma saída era uma tarefa que deveria fazer sozinho.

Começou a nadar buscando na noite escura encontrar um acesso na margem para que pudesse deixar o rio.

Uma amiga, a mais bela e inteligente que ele tinha, no meio de um abraço lhe falou, você precisa cuidar do corpo e da mente para que consigas sair do rio.

Ele pensou, já tenho o melhor cuidando do meu corpo, da mente eu não preciso, não sou esse tipo de homem e não tenho esse perfil.

Então, enquanto nadava, encostou em um graveto que flutuava no rio e acreditou ter batido em um rochedo e entrado em um labirinto de pedras do qual jamais conseguiria sair.

Novamente foi tomado pelo desespero e tornou a afundar no rio.

Os que o acompanhavam da margem nada entenderam.

Ao retornar a superfície o graveto já não estava mais ali, e ele continuou nadando e pensando em toda energia desperdiçada por nada.

Foi então que ao nascer do sol ele pode ver uma praia de bordas limpas e desimpedidas, de onde não foi difícil deixar o rio.

Sentiu então os pés tocarem a terra firme como a muito não sentia.

Aliviado e esgotado, reencontrou na margem as pessoas que o acompanharam durante todo o percurso.

Molhado, exausto e ainda se adaptando as mudanças pelas quais havia passado, seguiu em uma nova direção, deixado pra trás o rio e a indiferença, e entendo que tal qual o corpo a mente também precisa de cuidado.

Tchau rio, até nunca mais.

 

Outono de 2023.

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